O que acha de ficar por dentro da obra de Joseph? Hoje vamos trazer de volta uma série de textos do Educador Físico Alexandre Luzzi (Cref: 025495), onde ele vai debater e refletir, com você leitor da Revista, sobre as duas obras de Joseph, verdadeiros legados para os profissionais e praticantes do método. Então vamos à primeira parada dessa jornada?
Abaixo, Alexandre explica como vai ser a série e convida você a mergulhar na mente do mestre. Prepare-se para aprofundar-se no conhecimento!
Como todos sabem, há uma grande lacuna no que tange a fundamentação teórica referente ao Pilates. Isso se deve, na opinião de (GARCIA, 2012) às próprias características de seu criador, Joseph Hubertus Pilates (1880-1967) que, embora estudioso de anatomia, fisiologia e culturas antigas, preferia materializar sua produção intelectual em produtos palpáveis – equipamentos e exercícios.
Mesmo tendo essa característica, ainda assim, Joseph Pilates sentiu a necessidade de escrever dois livros: Your Health (1934) e Return to life through Contrology (1945).
Apesar de suas reflexões não terem origem em uma prática científica, são fruto de uma preocupação genuína com a condição humana. Os dois livros foram publicados posteriormente à criação da metodologia que hoje conhecemos como Pilates, sendo esta última, em sua maior parte, criada nas duas primeiras décadas do século XX.
No Brasil, o trabalho com o método está limitado apenas aos profissionais de Educação Física e Fisioterapeutas. As características dessas graduações não favorecem ao hábito de uma reflexão baseada em conceitos e valores de caráter filosófico. Prova disso é a pouca importância dada à leitura das obras nos cursos de formação e certificação em Pilates.
Saímos desses cursos, em sua maioria, sem termos lido uma linha se quer da produção intelectual deixada por Joseph Pilates. Na minha visão, isso seria comparável, por exemplo, a um psicanalista sair de seu curso de formação como terapeuta sem ter lido as obras fundamentais de Sigmund Freud, apenas aprendendo técnicas de análise, o que é no mínimo absurdo.
No fundo, o professor de Pilates ainda é tomado pelo pensamento dualista e cartesiano de que teoria é uma coisa e prática é outra. Esse tipo de pensamento vai contra um dos eixos centrais de todo o trabalho produzido por Joseph Pilates: o problema da unidade corpo – mente.
Fazer o que se pensa e refletir sobre o que se faz são características demasiadamente humanas. Não podemos nos furtar desse trabalho, pois trago comigo a certeza que um dos caminhos para um bom entendimento da metodologia e da técnica do Pilates é a reflexão da produção intelectual deixada por seu fundador.
A partir de todo esse contexto, tive a ideia de realizarmos uma leitura em conjunto dos dois livros fundamentais. De forma crítica e sem idolatrias, mergulharemos nas profundezas da mente de Joseph Pilates, tentando desvendar seus segredos, suas influências filosóficas, o que sentia, pensava e acreditava.
Convido ao leitor da revista Pilates para essa nova empreitada. Para os que já leram os livros, será uma excelente oportunidade para uma releitura com o olhar crítico sobre os temas que serão abordados mensalmente na coluna. Para quem ainda não leu, será uma ótima oportunidade para um primeiro contato.
No próximo artigo, sugiro aos leitores que leiam as vinte primeiras páginas do livro Your health (1934), pois abordarei um tema central para todos aqueles que trabalham com o Pilates: o conceito de saúde.
Qual era o sentido e o significado da palavra saúde para Joseph Pilates? Já parou para pensar sobre isso?
Conto com a participação de todos. Um forte abraço!
Alexandre Luzzi
Educador físico (Cref: 025495)
Sócio proprietário da Escola de Pilates clássico TAI KEN