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Pilates e deficiência visual

Já sabemos que o Pilates é um método que pode se adequar a todos os tipos de praticantes e que nos estúdios podemos encontrar turmas bem heterogêneas. Mas algumas situações podem ser um pouco mais desafiadoras para nós, instrutores.

Queremos compartilhar algumas experiências que tivemos em nossa prática profissional com essas pessoas tão especiais que aparecem, para que possamos ensinar sobre Pilates e termos em troca ensinamentos muito valiosos sobre a vida.

Tive o prazer de dar aula para uma aluna idosa que nasceu com a visão normal, mas por conta de uma infecção por Toxoplasmose, na vida adulta perdeu completamente a visão de um olho e, depois de alguns anos, a do outro também. Quando você recebe a notícia de que dará aula para uma pessoa com essa limitação, você se questiona se é boa o suficiente para cumprir a sua missão e bate uma insegurança por ser uma aluna que não havia pensado antes em ter. Ainda mais em uma aula em grupo.

Logo na aula experimental ela me surpreendeu: o alto astral tomou conta do ambiente. Entrou no estúdio uma pessoa extremamente independente, que de cara mediu todo o espaço contando o número de passos que devem ser dados até cada porta, até cada aparelho, já que ela não quer ser ajudada sem necessidade. Ela cozinha, acompanha novelas, vai ao cinema, teatro (de vez em quando o filho relata algum detalhe), caminha na esteira ergométrica, está sempre com o cabelo arrumado e o rosto maquiado por ela própria.

Surpreendentemente as aulas com ela eram muito parecidas com as de pessoas da sua faixa etária, com a diferença de que eu tinha que me policiar para explicar os movimentos com mais detalhes, já que não poderia demonstrá-los. Eu evitava trocá-la muito de equipamentos, utilizando geralmente dois por aula, sempre explicando para qual aparelho ela iria e lembrando de como era cada um. Na Cadeira ela fazia muito bem o Footwork, em pé inclusive, mas sempre usando o apoio das mãos nas alças para prevenir um eventual desequilíbrio. E é claro que enquanto ela estava em pé, eu permanecia ao lado dela, o que só era possível quando os seus colegas de turma faltavam.

Nem preciso dizer que sua consciência corporal é invejável, né? Todo comando era prontamente assimilado. Algumas vezes temos dificuldade em fazer os alunos entenderem certos comandos difíceis do Pilates, como fechar as costelas ou evitar algum movimento compensatório no exercício. Porém, para ela era necessário falar uma única vez e, por isso, a  aula fluía muito bem.

O que de início parecia um desafio, se tornou um prazer. Cumprir bem o nosso trabalho e ter o reconhecimento dos clientes é a nossa maior recompensa.

Monique Ayala
Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates.
Crefito-2 69066-F

Hellen Morita
Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates.
Crefito-2 76136-F

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