As dores e incômodos corporais são há muito tempo uma fonte de preocupação para a saúde do idoso e um empecilho para a obtenção da plena qualidade de vida dele, uma vez que dificultam os movimentos diários e os afastam de eventuais práticas de atividade física.
Outra mudança fisiológica a ocorrer no envelhecimento é a diminuição progressiva da frequência cardíaca máxima, que colabora com cerca de 50% no decréscimo do VO2max (capacidade máxima do corpo de um indivíduo em transportar e metabolizar oxigênio durante um exercício físico incremental, é a variável fisiológica que mais reflete a capacidade aeróbica de um indivíduo).
Isto ocorre devido a diminuição e mudança na estrutura da capilarização cardíaca. Na verdade, a diminuição do número de capilares faz com que o coração tenha uma capacidade mais limitada de direcionar o fluxo sanguíneo aos músculos e isso faz com que se reduza a capacidade de extrair oxigênio pelos músculos no momento do exercício (MATSUDO & MATSUDO, 1993).
Todo este processo resulta no que os especialistas em geriatria chamam de sarcopenia, que é exatamente a diminuição da massa muscular que sempre ocorre com o processo de envelhecimento. Na verdade, a causa da sarcopenia é a diminuição do tamanho das fibras musculares e perda delas também, juntamente com a perda de proteína nos músculos.
Junto com a sarcopenia, o envelhecimento também acarreta o maior acúmulo de gordura no corpo porque o próprio processo fisiológico do envelhecimento causa uma diminuição da queima calórica corporal geral por conta da massa muscular que no idoso é menor, fazendo com que quase todos os idosos engordem na fase de envelhecimento. Essa gordura corporal acaba também prejudicando sua qualidade de vida quando atrapalha a execução dos movimentos e tarefas diárias, aumenta o peso, causando dores lombares, nas pernas, etc. (OTTO, 1987).
Existem muitas doenças, degenerações físicas e incômodos que surgem com o envelhecimento do ser humano. O papel do Pilates pode ser justamente preparar o corpo do aluno para enfrentar, de maneira mais saudável e funcional, o envelhecimento. A atividade irá adaptar o corpo do idoso aos movimentos que ele executa em seu dia a dia, ou seja, melhorando a capacidade funcional para ter uma melhor qualidade de vida (OKUMA, 1998).
Muitos idosos também passam por problemas psicológicos na fase de envelhecimento por diferentes motivos, tais como: a perda do cônjuge, a perda de familiares, a falta de trabalho e ocupação, por ser atingida por preconceitos sociais, por ter dificuldade de se manter financeiramente, por ter dificuldade em cuidar de si mesma, por não ter muito convívio social e as vezes ficar muito solitário, pelas dificuldades físicas e os incômodos advindos da velhice etc.
Assim, o Pilates pode também auxiliar no combate a depressão de idosos também, uma vez que estes estarão se relacionando socialmente, fazendo amigos, descobrindo os prazeres da atividade física, por diminuir o nível de dores e incômodos no corpo e por se sentir importante e queridos pelo professor e colegas de academia ou de atividade (BROKE, 2005).
Assim, podemos perceber que quanto mais o idoso praticar as sessões de Pilates, melhor será seu humor e estado psicológico, inclusive, como citado acima, haverá uma melhora no quadro depressivo (quando houver), que é muito comum entre essa população.
Muitos idosos apresentam depressão não somente pelo fato do corpo e da saúde já não serem os mesmos, mas principalmente pelo abandono da família e amigos. Todos nós sabemos que o ser humano é um ser sociável por natureza. Deste modo, percebemos que um programa consistente e periódico de Pilates pode trazer benefícios físicos, motores, afetivos e sociais, aumentando a qualidade de vida dos idosos em diferentes e variados aspectos.
Lígia Mattos Ribeiro de Lima
Cref: 112106-G/SP