A história de hoje é emocionante e envolve muitas conquistas. Liège Pereira Gautério, 41, é Educadora Física e foi com muita força de vontade que pôde se formar. Liège estava à espera de um transplante de pulmão há três anos, a única solução para uma fibrose pulmonar diagnosticada em 2003, que em 2011 trazia limitações para o dia a dia dela. Confira o desfecho dessa história de superação a seguir:
‘’Naquela época eu só podia esperar. Todos os dias era um desafio novo. A ‘’coisa’’ foi progredindo de forma que eu sentia falta de ar até para escovar os dentes, ficava ofegante e me sentia mal. Apesar do diagnóstico eu não queria me entregar, mesmo na fase avançada da doença.
No último semestre de Educação Física tive que fazer meu estágio, que era dar aula numa escola. E essa escola tinha uma escadaria. Eu demorava entre 5 e 10 minutos para subir aquela escada. Não sei como conseguia, acho que era a vontade que tinha de finalizar o curso. Até que chegou um dia em que percebi que não ia mais consegui subir, então, com uma cadeira de rodas automática fui para o estágio.
Essa doença vai cicatrizando o pulmão, ele vai endurecendo. Perde a capacidade de expandir e retrair, o que causa a limitação respiratória. Durante oito anos controlando a doença, nunca parei. Trabalhei, corri, dei aula, cuidei do meu corpo e inclusive fui em minha formatura com um oxigênio portátil, nunca desisti.
Nas consultas, meu cirurgião torácico sempre me motivava, dizia que meu transplante seria um sucesso e aquilo me ‘’alimentava’’. Depois da cirurgia, em meu primeiro banho no hospital, fiquei tão emocionada de lavar as minhas pernas que não resisti e chorei sozinha no chuveiro.
Se sentir respirando normalmente é uma coisa mágica. Dar aulas e praticar Pilates foi de fundamental importância, sobretudo em relação à minha respiração. Inclusive , enfatizo em minhas aulas a função da respiração durante as execuções dos exercícios. Como minha inspiração era muito limitada antes do transplante, trabalhar a musculatura intercostal me auxiliou muito. Sem falar nos outros já conhecidos benefícios como resgate da minha postura (que estava cifótica por causa da limitação respiratória) e flexibilidade.
Eu treino praticamente todos os dias, só não treino aos domingos… Mesclo musculação, treinamento funcional específico para corrida e Pilates. Dou aula de Pilates, dou aula na academia. Sobra energia. A máquina tá funcionando.
Aprendi que a felicidade está na simplicidade. A gente não precisa de muito para ser feliz. Considero muito importante divulgar a doação de órgãos e a prática da atividade física. Por isso, depois de três anos, vou representar o Brasil numa competição considerada a ‘’Olímpiada dos transplantados’’ na Argentina. No momento estou treinando para a prova de 100 metros rasos. Tenho só um pulmão e ele vai ter que valer por dois ou mais.
A sensação de ganhar um pulmão é um presente. A gente respira e sente a vida. Agradeço muito à família do doador por este ato, que teve essa consciência de ajudar uma pessoa mesmo num momento difícil. Eu devo minha vida à minha família e agora à essa outra família também. É importante expressar essa vontade de ser doador em casa, para que a família esteja ciente!’’
Tem uma história legal com Pilates também e quer compartilhar com a gente? Envie um e-mail para imprensa@revistapilates.com.br. Quem sabe sua história é publicada?