Vamos falar um pouco sobre PLANEJAMENTO, como planejar as aulas de Pilates. Vez em quando eu recebo perguntas do tipo: “Renatha, como planejar minhas aulas de Pilates?” ou “Rê, como você faz pra planejar suas aulas de Pilates?” ou ainda “por onde começo a montar minhas aulas de Pilates?”.
A verdade é que muita gente não planeja as aulas de Pilates, e acreditem, isso É UM ERRO. Quando começamos a trabalhar com Pilates, montar uma aula pode parecer um desafio e tanto. Quais exercícios trabalhar? Por onde começo, pelo alongamento? Fortalecimento? Mobilização? As vezes a gente fica tão preocupado com os exercícios que esquecemos do mais importante, do propósito da aula, do objetivo do paciente, da avaliação realizada no dia da aula.
O planejamento das aulas inicia desde a avaliação do paciente. A primeira dica e talvez a mais importante é: caprichem na avaliação do paciente. Não pulem etapas. A partir de uma avaliação bem-feita, você consegue realizar o diagnostico fisioterapêutico e traçar os objetivos daquele paciente. Independente das patologias que eles apresentarem, foque sua atenção na função que o corpo deles precisa restaurar. Assim, tudo fica infinitamente mais fácil.
Depois de definido os objetivos dos alunos (baseado no diagnóstico fisioterapêutico de cada um), é hora de escolher quais aparelhos e/ou acessórios estarão disponíveis naquela aula. Assim, você pode começar a pensar nos exercícios, series e movimentos a serem realizados. Pense em séries que facilitem para você e seu aluno. Se você tem uma turma com mais pacientes, não tem problema montar uma aula apenas para todos, desde que você consiga personalizar os exercícios para a realidade e respeitando as características de cada um e de acordo com as necessidades e objetivos deles.
Durante este planejamento, é importante pensar em uma sequência lógica para sua aula, onde ela terá começo (através de um aquecimento – pode ser o pré Pilates por exemplo), meio (onde enfim busca atingir os objetivos da aula) e fim (através de exercícios que promovam o relaxamento).
É bom sempre lembrar do aquecimento, pense que o paciente entrou ali com a cabeça cheia, pensando em muitas coisas e precisa se desligar do mundo externo para se concentrar nas aulas e melhorar assim seu desempenho e atenção nas aulas. Uma boa ideia é acrescentar exercícios de respiração, uma vez que ajuda a melhorar a concentração, trazendo o foco deste aluno para o Pilates.
Uma dica extra é separar “exercícios coringas” para caso algum paciente chegue com dor e não consiga realizar o objetivo da aula. E isso muda tudo. E isso acontece com frequência tá?! Então não se desespere se na sua avaliação do dia, o seu paciente precisar de outra conduta completamente diferente daquela proposta anteriormente.
E por falar em avaliação do dia, o que seria isso? Basicamente seria uma breve anamnese com o paciente para saber como ele está e se podemos dar continuidade a aula programada.
Uma última dica, e não menos importante, é TREINE! Você só irá possuir conhecimento prático se você treinar. Faça a aula que propôs aos alunos. Conheça através do seu próprio corpo cada exercício, cada série. O que seus pacientes irão sentir, as formas corretas e errôneas de execução. A forma de abordar na hora de apresentar os exercícios e até a melhora do comando de voz para os mesmos.
Mas Renatha, eu devo montar toda a aula em um aparelho apenas ou preciso fazer rodízios? Então vamos por partes, você vai planejar sua aula da forma que achar melhor e mais fácil de acordo com a realidade do seu estúdio. Não importa se irá realizar a aula toda em um equipamento todo, no solo ou fazendo rodízio. O importante é manter uma sequência lógica entre os exercícios. Uma transição entre os exercícios que faça sentido e pensando em sempre fazer todos os exercícios em um decúbito para depois trocar (e não voltar nele). Nada de ficar pedindo para o paciente deitar-se, fazer uns exercícios em decúbito dorsal, depois ficar de pé, depois deitar de novo, depois sentar… e isso vale para os equipamentos. Se irá fazer rodízio por exemplo, defina quais aparelhos irá utilizar e explore ao máximo cada um deles, de forma que o paciente não fique migrando, indo e vindo o tempo todo de aparelho em aparelho. Faça todos os exercícios propostos em um aparelho, depois, quando não tiver mais exercícios programados ali, o leve para outro e não volte naquele (por favor).
Se atente também a separar todas as molas, pesos e acessórios que irá utilizar naquela aula ANTES dos pacientes chegarem, de modo que você não tenha que ficar parando a aula pra preparar um aparelho, ou achar um acessório.
Muito cuidado também para não sobrecarregar um aluno iniciante (que além de lesionar, pode fazê-lo ficar chateado e triste por achar que não consegue fazer nada). Por outro lado, tenha cautela para não passar exercícios muito simples e fáceis para aqueles alunos mais avançados, isso pode desmotivá-los e deixar a sua aula menos interessante.
Uma dica que te dou é nunca confie somente em sua cabeça. Como assim? Ao montar uma aula anote (e não importa onde, pode ser no celular, caderno, folha…) os exercícios propostos, com as modificações necessárias, ou pelo menos os decúbitos e objetivos a serem trabalhados naquela aula. Independentemente se a aula for individual ou em grupo, acredite, isso irá facilitar demais a sua vida! E não tem problemas dar uma olhadinha rápida nas anotações durante a aula (por isso eu indicaria um caderno e não o celular, ok?!). Se você já trabalha com Pilates a mais tempo, e já conhece os nomes dos principais exercícios, você pode listá-los com uma sequência lógica colocando os nomes deles em cada momento da aula. Por outro lado, se você está começando agora a trabalhar com Pilates, (e tem um tempinho extra), você pode “desenhar” os movimentos – mesmo que de forma bem primitiva, fazendo palitinhos – e sempre colocando os nomes dos mesmos, e isso o ajudará a decorar e aprender cada um deles. Eu coloquei 2 imagens abaixo, onde exemplifico o planejamento de duas aulas. Não precisa necessariamente ter os mesmos exercícios ou as mesmas quantidades deles. Lembrando que o número de repetições e séries de cada um vão depender do objetivo a ser proposto para cada paciente naquela aula e a quantidade de exercícios também. Ali eu exemplifiquei 3 exercícios para alongamento, 3 para fortalecimento, 3 para mobilização… mas a regra não é essa (até porque eu montei essa aula de forma bem subjetiva, sem pensar em um objetivo específico ou em um paciente específico, foi só pra ilustrar mesmo).
Se seu paciente precisa de mais mobilização na coluna, você irá focar mais nisso, já se ele precisa de mais fortalecimento dos membros superiores, você não precisa gastar muito tempo mobilizando outras partes do corpo. É importante manter um equilíbrio na aula e sempre adaptar às necessidades daquele aluno. Você vai sim, trabalhar todo o corpo em todas as áreas (mobilização, alongamento, fortalecimentos…), mas de acordo com o perfil de cada aluno. Assim como você vai iniciar sua aula (após o aquecimento) de acordo com o objetivo a ser conquistado daquele paciente, por exemplo, você não precisa necessariamente começar uma aula pelo alongamento, ou mobilização. Você vai iniciar sua aula de acordo com o objetivo traçado para cada paciente.
Conclusão
Resumindo tudo, não existe regra. Não existe receita de bolo, e planejar uma aula não é uma tarefa tão simples assim. Você precisa estar disposto a aprender e aceitar quando tudo precisa mudar. Com o tempo e treino, montar uma aula vai ficando mais natural e mais fácil. Mas não se contente com o bom, nem com o ótimo… procure o excelente!
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