Sempre orientamos os nossos alunos sobre a correta execução dos movimentos dentro e fora do estúdio de Pilates. Mas nós instrutores acabamos pecando com nossos próprios corpos na rotina de trabalho.
O mais comum no Brasil são turmas pequenas (de três ou quatro alunos), onde cada cliente está fazendo um exercício diferente em um aparelho diferente. Para manter todos ocupados o instrutor acaba se negligenciando e tende a fazer o que é aparentemente mais rápido, e não o que é certo com as suas articulações. Ele carrega caixas, puxa molas, arrasta aparelhos, pega alças e acessórios no chão, sempre correndo contra o tempo. Para piorar, uma boa parte desses profissionais não é praticante do método. Parece contraditório, mas é a realidade.
Nós, instrutores, temos que colocar em prática tudo o que usamos com os alunos. Lembra do famoso Power house? Pois é, você também tem o seu e deve usá-lo. Não são só os seus alunos que devem manter os ombros longe das orelhas, tomar cuidado com o alinhamento dos punhos, dobrar as pernas em vez de flexionar o tronco ao pegar algo no chão e fazer qualquer esforço com o abdome acionado.
Enquanto estivermos em pé, parados, devemos nos alinhar, pensando no crescimento axial, acionamento do Core, favorecido pela base Pilates, e o correto posicionamento da cintura escapular. Manter os braços para trás do tronco, com os dedos entrelaçados, ajuda a nos lembrar de abrir o peito e encaixar as escápulas.
Outro fator importante é manter a organização do estúdio. As alças, molas e acessórios não devem ficar jogados no chão, senão no fim do dia o instrutor terá agachado centenas de vezes para alcançar esses objetos. Cada aparelho deve ficar com o seu conjunto de molas, isto é, um par de cada cor, senão a todo momento ele terá que perder tempo procurando onde foi parar cada uma e ainda há o risco de se misturar uma mola mais gasta do que a outra.
Em muitos países, o aluno participa ativamente das aulas, sendo ele o responsável pela troca das molas e pelo deslocamento de acessórios, como a caixa do Reformer, por exemplo. O raciocínio é que o praticante fará isso duas ou três vezes por semana, enquanto o instrutor teria que fazer isso muitas vezes por dia. A cultura do brasileiro é de servir o cliente e talvez esse modelo não se adaptaria bem a todos, mas podemos evitar alguns esforços desnecessários, como ensinar o aluno a colocar e tirar as alças de pés sozinhos no Reformer, em vez de termos que empurrar o carrinho para conseguir fazer isso.
Outro crime é demonstrarmos exercícios complexos sem termos aquecido devidamente o corpo. O ideal é tentarmos descrever verbalmente os movimentos, dar estímulos táteis e só demonstrar o que realmente é necessário e com pesos que não desafiem o corpo.
Pequenas mudanças na rotina podem trazer enormes benefícios. Ouça o que você fala para os seus alunos e aplique em sua vida. Seja praticante do método que você usa com os seus clientes. A prática não só leva à perfeição, mas também te faz entender melhor as compensações e as sensações que cada exercício traz.
Cuide-se! Lembre-se que seu corpo é fundamental para seu trabalho.
Monique Ayala
Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates.
Crefito-2 69066-F
Hellen Morita
Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates.
Crefito-2 76136-F