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Câncer de próstata e obesidade

Você sabia que a obesidade é um fator de risco para o câncer de próstata? Esse é o segundo câncer que mais atinge a população masculina, responsável por 13,6 mortes para cada 100 mil homens, segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA. Só em 2020 foram registrados 65.840 mil novos casos de câncer de próstata no País.

Embora seja tão comum e apresente taxas altas de incidência e mortalidade, muitos homens preferem não falar do assunto. O que assusta não são os dados, mas sim o receio de ficar impotente sexualmente, o que não acontece em todos os casos.

Vamos falar sobre câncer de próstata?

O câncer de próstata, tipo de um tumor maligno, em grande parte dos casos, cresce lentamente e não costuma apresentar sinais que ameacem a saúde dos homens. Porém, há casos onde o crescimento do tumor é rápido e agressivo, podendo se espalhar para outros órgãos, causando a morte. É considerada uma doença da terceira idade, já que 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.

Idade após os 50 anos, pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos de idade, hábitos alimentares ou estilo de vida incorreto aumentam o risco. O excesso de gordura corporal também aumenta o risco de câncer de próstata avançado.

Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias químicas, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata.

A falta de informação sobre a doença, suas causas, diagnóstico, evolução e tratamento gera muitas dúvidas e, muitas vezes, pode prejudicar o tratamento.

Detecção precoce do câncer de próstata

A detecção pode ser feita por meio da investigação, com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. No caso do câncer de próstata, esses exames são o toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico).

A partir dos 50 anos de idade deve-se fazer os exames de toque retal e PSA, que mede os níveis do antígeno prostático específico na próstata. O PSA não mede o câncer, mas é o primeiro passo no processo de diagnóstico precoce, ao mostrar uma resposta a alterações na próstata, como uma infecção, inflamação, aumento benigno ou, possivelmente, o câncer. Apesar de ser uma doença mais comum em idosos, homens com fatores de risco, como parentes próximos (pai, tio, irmão) que tem/tiveram a doença, obesidade e raça negra, devem começar os exames antes.

Através do PSA consegue-se detectar a doença em estágios iniciais, possibilitando melhor chance de tratamento. Muitos homens, pelo preconceito enraizado na sociedade, negam-se a fazer o exame de toque retal, porém o PSA não dispensa o exame de toque e os dois são eficazes quando combinados. Nenhum dos dois exames tem 100% de precisão. Por isso, podem ser necessários exames complementares. A biópsia é o único procedimento capaz de confirmar o câncer. Outros exames de imagem também podem ser solicitados, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia óssea (para verificar se os ossos foram atingidos). É importante dizer que o câncer de próstata não é uma doença contagiosa, não sendo transmitido de uma pessoa para outra.

Evolução da doença

Na fase inicial muitos homens não apresentam nenhum sintoma, com a doença evoluindo de forma silenciosa e indolor, favorecendo um diagnóstico tardio. Quando apresentam sintomas, estes relatam dificuldade de urinar ou aumento da frequência de idas ao mictório durante o dia ou noite, diminuição do fluxo, dor ou ardor, ejaculação dolorosa, sangue no sêmen ou urina.

Sintomas mais sérios aparecem na fase avançada da doença, com dor óssea, sintomas urinários, insuficiência renal e infecção generalizada, também chamada de sepse. A sepse é uma resposta do corpo a uma infecção grave, que danifica órgãos e tecidos e pode levar à morte.

Tratamento do câncer

Todo homem que recebe o diagnóstico de câncer de próstata deve conversar com seu médico sobre o tratamento e tirar todas as dúvidas, saber dos riscos e benefícios. A idade do paciente, fase da doença, sinais e sintomas, estadiamento do câncer, resultado da biópsia e estado geral, determinam o tratamento a ser escolhido pelo médico. Alguns necessitarão de observação vigilante, outros de tratamento ativo, que podem incluir radioterapia, ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal.

Nem todos os homens terão perda da função ou desempenho sexual após o tratamento, mas é importante estar bem informado pelo seu médico sobre essa questão e entender que isso pode acontecer em alguns casos e que tem a ver com a idade mais avançada e com lesão de nervos que circundam a próstata em alguns tratamentos como a cirurgia.

Cada caso é um caso e nem todos os pacientes terão sequelas. Algumas sequelas, como incontinência urinária, apresentam boa evolução em pacientes mais jovens e que fazem reabilitação com fisioterapia do assoalho pélvico.

Converse com seu médico de confiança para que tenham uma decisão de qualidade adequada para o seu caso.

Como prevenir o câncer de próstata?

O câncer pode atingir qualquer pessoa, mas algumas estão em maior risco. Apesar de haver fatores de risco permanentes, como mutações genéticas herdadas, muitos casos poderiam ser evitáveis mudando o estilo de vida.
Estima-se que entre 30 e 50% de todos os casos de câncer são preveníveis adotando estilos de vida saudáveis e evitando a exposição à carcinógenos ocupacionais, poluição ambiental e certas infecções crônicas.

Além de manter os exames em dia, recomendações como não fumar, praticar atividades físicas regularmente, como o Pilates, manter um peso adequado e diminuir ou evitar o consumo de álcool são importantes para minimizar o risco da doença. Isso, em longo prazo, reduz em grande parte a carga global do câncer.

Obesidade como importante fator de risco

As atuais tendências mostram uma diminuição da atividade física e um aumento da gordura corporal, o que faz com que a carga global de câncer continue a subir, juntamente com o envelhecimento da população.

A obesidade causa anomalias metabólicas e endócrinas, como níveis elevados de insulina em jejum e estradiol, e mediadores inflamatórios, que exercem atividade proliferativa nas células.

Portanto, no estado obeso, existe uma regulação geral positiva do crescimento celular. Ao contrário da maioria das células saudáveis, as células cancerosas evoluem gradualmente para se tornarem menos dependentes de hormônios e de fatores de crescimento para replicação e crescimento continuado.

As células cancerosas podem adquirir essa capacidade, por exemplo, pela produção de sinais promotores de crescimento ou pela permanente ativação de vias de crescimento e sobrevida que normalmente respondem aos fatores de crescimento, por meio de mutações que se encerram nesses sinais.

Devido a essas alterações causadas pelo estado obeso, de sobrepeso e de ganho de peso, é que dizemos que não existe obeso saudável. Ainda que exames de sangue de rotina estejam dentro das faixas de normalidade dos laboratórios, isso não impede que o organismo com excesso de peso continue a produzir substâncias nocivas que levam a danos promotores do câncer.

A interação entre o estado metabólico do indivíduo e as exposições dietética e nutricional, as relacionadas à atividade física e outras exposições ambientais ao longo de todo o ciclo de vida, são fundamentais para a proteção ou suscetibilidade ao desenvolvimento do câncer.

Alimentação e câncer de próstata

Manter um peso saudável ao longo da vida é uma das formas mais importantes de se proteger contra o câncer – e a alimentação tem papel fundamental. O aumento de peso durante a fase adulta tem efeito negativo em casos de câncer de próstata em estágio avançado.

Frutas, vegetais e feijões possuem diversos nutrientes que mostram efeitos anticancerígenos, como a vitamina C e E, carotenoides, fibras dietéticas, selênio e folato.

No câncer de próstata os estudos mostram um efeito protetor positivo na ingestão de alimentos com betacaroteno e também na forma de suplementação em altas doses. O betacaroteno é um pigmento natural amarelo-alaranjado do grupo dos carotenoides, encontrado em alimentos como abóbora, cenoura, beterraba, manga, mamão, damasco, rúcula, agrião, couve, brócolis, pimentões e batata doce.

Já os produtos lácteos, como o leite, demonstram efeitos limitados sugestivos de aumentar o risco para o câncer de próstata.

Conclusão

O excesso de gordura corporal, característico da obesidade, aumenta a produção de substâncias que estimulam o crescimento celular, a inflamação tumoral, à instabilidade genômica e consequentes mutações, a desregulação do metabolismo celular, a vascularização da região tumoral (angiogênese), a alteração da funcionalidade do macrófago (célula de defesa) e a redução da morte celular programada (apoptose). Portanto, a obesidade potencializa os mecanismos do tumor, tornando os homens mais vulneráveis ao desenvolvimento do câncer de próstata.

Manter um peso adequado e saudável durante a vida é uma forma de prevenção para esse e outros tipos de câncer.

A OMS recomenda agora que adultos façam atividade física moderada de 150 a 300 minutos ou de 75 a 150 minutos de atividade física intensa, quando não houver contraindicação. Em 2010, o esse limite era menor (e mais restrito): 150 minutos por semana de agito moderado, ou 75 em alta octanagem.

Para a prevenção do câncer, é provável que quanto maior a quantidade de atividade física, maior o benefício. Para ter impacto significativo no controle de peso, são necessários níveis mais altos de atividade (de 45 a 60 minutos de atividade física de intensidade moderada por dia).Adultos que possuem trabalhos sedentários devem redobrar a atenção, assim como minimizar a exposição a telas como celulares, televisão e computadores, associados ao consumo elevado de alimentos e bebidas altamente calóricas, com excesso de açúcares e gorduras.

Alimentos pouco processados de origem vegetal são ricos em nutrientes e fibra dietética. O maior consumo desses alimentos, ao invés dos processados ricos em gordura, amidos refinados e açúcares, proporciona uma dieta mais rica em nutrientes essenciais e mais eficaz para regular a ingestão de energia.

Isso pode proteger contra o ganho de peso, o sobrepeso e a obesidade e, portanto, proteger contra cânceres relacionados à obesidade. O consumo de grãos integrais, vegetais não amiláceos (como batatas, aipim, inhame, cará) frutas e feijões é característico de uma dieta associada a um menor risco de câncer bem como obesidade.

O objetivo da ingestão de fibras pode ser alcançado pelo consumo de uma variedade de alimentos de origem vegetal, incluindo cereais integrais, vegetais não amiláceos e frutas de cores diferentes (por exemplo, vermelha, verde, amarela, branca, roxa e laranja).

Uma porção de frutas ou vegetais não amiláceos é de aproximadamente 80 gramas. Para se alcançar a quantidade recomendada de frutas e vegetais, o consumo desses alimentos seria de pelo menos 400 gramas ao dia.

Para a prevenção do câncer, é melhor que esses, e não os alimentos de origem animal, sejam a base da dieta habitual. Além de priorizar esses alimentos, deve-se evitar o consumo de álcool, carnes vermelhas, secas, salgadas e defumadas, bebidas açucaradas e alimentos de consumo rápido ricos em gorduras e açúcares, como fast food, refeições prontas para aquecer e produtos de confeitaria e doces.

No combate a obesidade e no efeito protetor ao câncer o exercício físico é de extrema importância ao diminuir a gordura corporal e visceral, melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir os níveis de insulina em jejum e estrogênio. A atividade física tem demonstrado ter efeitos imunomoduladores, aumentando a imunidade e promovendo a vigilância do câncer.

Estudos também mostraram que o exercício aeróbico pode diminuir o estresse oxidativo e melhorar os mecanismos de reparo do DNA, diminuindo a carcinogênese.

Ainda que o câncer possa acontecer com qualquer pessoa, saiba que suas escolhas aumentam ou diminuem esse risco. Exercite-se com regularidade e constância, escolha alimentos de origem natural, como frutas, vegetais, cereais integrais, todos os tipos de feijões, gorduras vegetais oriundas do azeite, nozes e castanhas e mantenha suas visitas médicas e exames em dia. Vamos aprender a priorizar nossa saúde mesmo com o dia cheio de compromissos.

Rachel Amorim
Nutricionista clínica
Assessoria e Consultoria em Serviços de Alimentação

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