Muitos dos instrutores possuem dúvidas de como realizar a avaliação no aluno que irá iniciar a prática do método e este problema, infelizmente, é muito encontrado nos estúdios de Pilates.
Já adiantando, é válido ressaltar que o momento da realização da avaliação é de fundamental importância e deve ser realizado antes da primeira aula de Pilates ou durante a aula experimental.
Primeiramente, é essencial que o aluno seja apresentado ao método antes da avaliação, onde o instrutor deve explicar no que consiste o Pilates, como funciona as aulas, quais os benefícios que o método poderá lhe trazer e falar sobre seus princípios.
Assim que apresentado ao método, o aluno deverá relatar ao instrutor seus principais objetivos com o Pilates.
Perguntas comuns a serem feitas neste momento:
– Como você conheceu o Pilates?
– Já fez Pilates alguma vez? Já viu fotos, vídeos?
– Quais são seus objetivos ao realizar a prática do método?
– A procura pelo método foi por indicação médica?
Essas informações irão direcionar o instrutor ao início da avaliação.
Anamnese
Esta etapa da avaliação consiste na entrevista realizada com o aluno, ou seja, é o conjunto de informações obtidas pelo profissional por meio de uma entrevista previamente esquematizada.
Nesta entrevista devem ser inclusos elementos como:

– Queixa principal: Este item está relacionado aos relatos do aluno que o levaram a procurar o método Pilates. Inclui seus objetivos e sintomas por ele relatados.
– História da moléstia atual: Este tópico é uma ampliação da queixa principal, onde há uma ordem cronológica e detalhada dos sintomas relatados pelo aluno.
-História da moléstia pregressa: Consiste em sintomas e fatos ocorridos no passado que possuam relação com a queixa principal apresentada. Este tópico é importante, pois pode nos mostrar de onde se originou o atual problema.
-História profissional – ocupacional: Relaciona-se com a ocupação profissional do indivíduo. Este item é de extrema importância para analisarmos se sua queixa não está relacionada com a atividade exercida pelo mesmo.
-Lazer: É necessário que o aluno informe suas ocupações para que a partir daí possamos avaliar o sedentarismo. Saber se ele pratica alguma outra atividade, para que possamos traçar a conduta adequada de acordo com seu perfil.
– Antecedentes pessoais: Informações em relação à presença de hipertensão ou hipotenção, diabetes e outras patologia que podem se relacionar com a queixa principal e que seja de fundamental consentimento pelo instrutor para a prescrição de exercícios.
A partir das informações apresentadas pelo aluno, damos inicio a avaliação postural.
Avaliação Postural
Porque realizar uma avaliação postural antes de iniciar o método Pilates?
Quando dizemos que uma aula é personalizada, isso não quer dizer somente que cada aluno fará exercícios diferentes, e sim que os exercícios passados serão de acordo com as necessidades por ele apresentadas. Portanto, a avaliação postural se torna imprescindível para identificar as principais necessidades e limitações de cada aluno.
Mas afinal, o que é postura?
Podemos afirmar que a postura é o correto alinhamento do corpo no espaço, sendo assim, a avaliação postural deve determinar se um segmento corporal ou articulação desvia-se de um alinhamento postural ideal.
A avaliação postural segue como base a postura padrão a qual se refere a uma “postura ideal”, onde os segmentos corporais estarão alinhados com o mínimo de esforços e sobrecargas, conduzindo a eficiência máxima do corpo.
Para a avaliação é necessário pedir ao aluno que venha com roupas adequadas, para que se torne possível à visualização dos devidos segmentos corporais e possíveis desvios.
Como realizar a avaliação postural?

O aluno deve ser analisado na vista anterior, posterior e lateral direta e esquerda.
Na vista anterior e posterior serão mais bem observados os desvios laterais. E na vista lateral é possível à visualização de desvios ântero-posteriores.
Podemos iniciar a avaliação no sentido céfalo-caudal, observando primeiramente as inclinações laterais, rotações e protrusão/retração da cabeça. É necessário que o aluno esteja à vontade, evitando assim possíveis auto correções.
Analisando os ombros, podemos observar se há depressão/elevação de um ombro em relação ao outro e/ou se os ombros estão protusos ou retraídos.
Seguindo no sentido céfalo-caudal, analisaremos se a linha Alba está alinhada, assim como a cicatriz umbilical que poderá estar desviada ou alinhada.
Na visão Antero-posterior, avaliamos a angulação dos cotovelos podendo identificar se apresentam deformidades como varo ou valgo. Além disso, observamos os famosos triângulos de Talles, que consiste no “triângulo” formado entre o tórax e o antebraço. Se este triângulo estiver maior em um dos lados, poderá indicar a presença de escoliose.
Na visão Posterior pode-se avaliar toda a coluna vertebral! Neste momento é importante a palpação para sentir os possíveis desvios que podem estar presentes, como por exemplo: Cifose torácica, Lordose lombar, escoliose, entre outros desvios posturais. Além da coluna, as escápulas devem ser observadas podendo estar: elevadas, deprimidas, aduzidas, abduzidas.
Descendo os olhos, chegamos à pelve, onde devemos observar as cristas ilíacas para identificar se há alguma assimetria do quadril, onde poderá estar presente inclinações e rotações. E ainda pode-se observar anteversão e retroversão da pelve.
Logo abaixo analisamos os joelhos! As principais deformidades encontradas nesta articulação são os joelhos varo ou valgo!

No Varo os joelhos estão afastados e os tornozelos próximos. No Valgo ocorre a situação inversa, onde os joelhos estão próximos e os tornozelos afastados.
Na visão lateral observamos se o joelho está fletido ou hiperextendido. Lembrando que temos uma hiperextensão fisiológica normal que pode ir até 10º.
Por último é hora de observar os tornozelos e pés. Neste momento avaliamos se os pés estão aduzidos, abduzidos, cavos ou caídos.
Ainda no tornozelo é possível observar o ângulo tíbio-társico (angulação formada pela tíbia e o pé), o qual é normal um ângulo de 90º.
Esta avaliação é necessária para identificarmos as principais alterações posturais que podem estar relacionadas à dor de nosso aluno, e é a partir dela que podemos organizar o plano de tratamento de forma correta traçando objetivos e condutas para poderem ser aplicadas ao aluno.
Avaliação Dinâmica

Além da avaliação postural estática apresentada, é extremamente importante a realização de uma avaliação dinâmica. Pois estamos em constante movimento durante o dia-a-dia e estes movimentos necessitam ser avaliados, pois muitas das vezes a dor pode ser originada por movimentos executados de forma inadequada, ou até mesmo porque um segmento pode estar simétrico de forma estática e apresentar assimetria no momento em que se movimenta.
A avaliação dinâmica consiste em avaliar a forma em que o corpo se comporta em movimento. Posturas desequilibradas têm reações compensadoras, e o objetivo desta avaliação é identificar estas compensações e poder corrigi-las.
Na avaliação dinâmica observamos aspectos como flexibilidade, mobilização, coordenação, estabilidade, equilíbrio, força muscular e simetria durante o movimento. Como a avaliação está sendo feita para iniciação do método Pilates, iremos avaliar o aluno com os próprios movimentos do Pilates.
Dessa forma, devemos escolher um repertório de exercícios que possam facilitar a visualização dos segmentos com a mobilidade, flexibilidade e força de cada um deles. Não se esquecendo de observar se há compensações em outro segmento para ser possível a realização do movimento.
Conclusão
Conclui-se então que a avaliação é extremamente necessária e importante para traçar o tratamento do aluno. Sem ela, não é possível identificar as necessidades de cada aluno e assim os objetivos podem não ser alcançados.
Natália Roberta Bovério