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As transições no Pilates Clássico

Tomei uma decisão muito importante do ponto de vista profissional. Entrar em contato com pessoas que possuem uma história reconhecida no mundo do Pilates clássico, para um intercâmbio de ideias e informações. Escolhi Junghee Won, por entender que hoje ela representa uma fonte de conhecimento do que há de mais essencial na tradição do Pilates clássico.

A experiência foi tão rica que resolvi dividí-la com vocês, leitores da Revista Pilates. Pensei em organizar o conteúdo em dois textos: no primeiro falarei especificamente sobre as transições e no segundo, farei uma síntese do bate-papo que tive com Junghee.

Natural de Seul, Coréia, Junghee Won possui uma vasta experiência como bailarina profissional. No Pilates, foi certificada por Romana Kryzanowska em 1999 no The Pilates Studio New York. Sua experiência com o Pilates clássico vai da prática de muitos anos, passando pelo ensino de alunos e professores, indo até a área de pesquisa. Seus trabalhos publicados referem-se ao efeito do método Pilates em dançarinos, analisando aspectos cognitivos e motores.

Achei que seria interessante o investimento de trazê-la ao meu estúdio e assim o fiz. No caminho do aeroporto para o estúdio, Junghee perguntou-me as razões da escolha do Pilates Clássico no meu trabalho. Pensei um pouco sobre a pergunta e disse o seguinte:

– Pela sua força, pelo valor dado à tradição e à história, pelo respeito ao conhecimento dos grandes professores tradicionalistas, que conhecem a fundo o trabalho de Joseph Pilates, pela qualidade exigida em todos os aspectos nas certificações.

Quando entrei em contato com Junghee disse-lhe minha intenção de saber um pouco mais sobre as transições, além da possibilidade de uma boa conversa sobre o Pilates clássico na atualidade.

Para muita gente que trabalha com o Pilates talvez o conceito de transição seja algo completamente desconhecido, então vou explicar melhor.

No Pilates clássico os exercícios nunca são pensados de forma isolada, o System como é chamado, caracteriza-se pela sistematização de exercícios numa sequência coerente com o desenvolvimento psicomotor, que se dá nos sentidos céfalo-caudal e próximo-distal. Dessa forma, mais importante que um olhar isolado para cada exercício, o foco deve estar no conjunto.

A partir disso, tão valorizada como um exercício, as transições possuem papel fundamental, já que são elas as responsáveis por atribuir dinâmica e fluidez na prática. Uma transição pode ser definida como o caminho mais curto para a preparação do posicionamento correto do exercício seguinte, seus movimentos devem ser realizados com leveza, graciosidade, eficiência e precisão.

As transições entre exercícios somente são introduzidas de forma mais concreta quando o aluno passa a ter condições de desenvolver um bom repertório avançado. Ou seja, quando já possui uma boa condição técnica na execução dos exercícios de forma isolada.

Segundo (FIASCA, 2012), outro grande representante do Pilates clássico, as transições refletem o aspecto mais sutil da técnica, pois requerem a transferência de nosso peso corporal, entre os exercícios, em uma variedade infinita de formas. Aprender essa transferência de peso corporal minimizando movimentos alheios ao Pilates, limpando as chamadas sincinesias (movimentos involuntários), atribui graça e leveza aos movimentos. Eis um grande segredo da nossa arte atlética!

Junghee relatou que uma transição bem feita passa despercebida aos olhos de um observador leigo. A sutileza e a precisão na coordenação dos gestos estabelecem um fluxo contínuo onde não há entrecortes na movimentação. Dessa forma, tanto para o observador quanto para quem pratica, é nítido o aspecto expressivo e estético do trabalho corporal.

No encontro com Junghee, ficou clara a importância da qualidade dos movimentos que podemos expressar. Estas qualidades são, entre outras, a flexibilidade, o nível de energia empregado, a suavidade, a força muscular, a fluidez, o ritmo, a leveza, etc. Estas qualidades também expressam a maneira como o sentir influencia a forma final do gesto, e como a individualidade dá vida ao movimento.

Além disso, observando Junghee dando exemplos de transições entre exercícios, pude perceber o nível de integração e intimidade que ela possui com um aparelho de Pilates. Cada centímetro de um aparelho como o Reformer, por exemplo, está completamente integrado em sua imagem corporal.  Como um músico, que manuseia seu instrumento sem precisar olhá-lo, corpo, mente, espírito e instrumento de trabalho harmonizam-se em uma unidade.

Esse texto é uma homenagem em forma de gratidão por toda sua contribuição no mundo do Pilates. THANK YOU JUNGHEE!

Alexandre Luzzi
Sócio-proprietário na Escola de Pilates clássico – TAI KEN

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