Cervicalgias – você sabe o que é? Certamente, você já teve uma. São as famosas dores no pescoço. Elas podem acontecer durante a execução de atividades do dia a dia, durante o sono (quando o travesseiro ou a posição não são adequados), ou mesmo quando tentamos praticar alguns movimentos específicos, como os abdominais.
Você está em casa, isolado do convívio social, mas sabe o quanto os exercícios físicos são importantes, não é mesmo? Aí resolve fazer abdominais e eis que…surgem muitas dores na coluna, principalmente na região do pescoço, que te impedem de continuar. O que talvez você não saiba é que essas dores são muito comuns, não só em pessoas sedentárias, mas em praticantes de atividades físicas regulares também. A Fisioterapeuta Manuela Bortolo explica tudo pra gente.
Este desconforto é assunto de eterna disputa comportamental, ainda está presente nas academias, nos estúdios e entre os apaixonados pela “barriga sarada”. Oito a cada dez clientes sentem desconforto cervical ao realizar um exercício abdominal.
Causas comuns das cervicalgias
Muitas são as hipóteses das possíveis causas desta dor, e o que habitualmente escutamos é devido a uma musculatura flexora fraca.
Sabe-se que a mobilidade da coluna como um todo, principalmente a torácica, é de fundamental importância para a biomecânica e execução correta do movimento, mas você já parou para pensar que ela pode estar diminuída ou bloqueada por uma disfunção no sistema respiratório?
Uma causa comum seria um diafragma rígido e preso, levando a uma capacidade respiratória incompleta, sem elasticidade necessária para ganhar espaço e força.
Baseado nessa primeira hipótese e, necessariamente ainda no contexto respiratório, considerando que não há uma respiração adequada: a presença de discinesia escapular, incentivando o movimento incorreto dos membros superiores, sobrecarregariam a musculatura acessória respiratória, gerando ainda mais estresse para essa região, que encontra-se tensa antes mesmo de elevar a cabeça do chão; isso explica a não evolução de uns ao realizarem o exercício Hundred no Pilates, por exemplo.

Resumindo: não respirar direito, associado a pouca mobilidade da coluna e alterações da cintura escapular, resulta em uma sobrecarga na região cervical e a famosa “dor no pescoço”.
Outro caminho a se discutir, direcionando há uma segunda hipótese, seria um “encurtamento” neuro miofascial de toda parte posterior do corpo, impedindo assim um movimento completo de flexão do tronco e possível desalinhamento das vértebras atlas e axis, ocasionando um mau posicionamento cervical e hiperatividade da musculatura do trapézio superior. Além de inibição da musculatura profunda, resultando em dor e incapacidade de sustentação da cabeça fora do chão.
E por fim, a última hipótese e a mais conhecida, seria uma inibição da musculatura flexora cervical e abdominal, gerando fraqueza e compensações, devido à pouca capacidade de expansão da parte anterior do tronco.
Como o Pilates pode ajudar a tratar as cervicalgias
Como estratégias de trabalho dentro do universo Pilates, utilizaria a seguinte didática:
1º Trabalho respiratório – incentivando a expansão torácica e diafragmática, como exemplo a respiração percussiva em tempos, com pausas para as trocas gasosas, associada ou não aos exercícios como Mermaid. Experimente ensinar seu cliente a respiração “one lung breathing” (em um lado do pulmão) e a brincar com a respiração, sentindo quando ela desafia ou facilita o movimento.

2º Exercícios que melhoram a mobilidade – ritmo escapular e recrutamento correto dos movimentos funcionais dos braços, podendo também associá-los a respiração. Como exemplo Escapular Mobilization, em vários planos de movimento e em vários decúbitos, Hug a Tree, Offering e Standing Series.




3º Incluir exercícios de mobilidade da coluna como um todo e por região – principalmente a torácica como o Cat/Horse Stretch, Half Roll Back, Rolling Like a Ball, Spine Twist e Swan Prepair.







4º Buscar a evolução nos movimentos que trabalham o alongamento – parte posterior do tronco. Como exemplo o Hamistring Stretch, Roll Up e Spine Stretch.







5º Reorganização da cintura pélvica e escapular – reintegrando a cinesia entre elas e estabilização do core, para assim evoluir o trabalho em força da musculatura flexora do troco, especificamente cervical e abdominal. Como exemplo Hundred, Single Leg Stretch e Double Leg Stretch.



Atenção:
Principalmente no início, realize os exercícios sob a supervisão de um profissional capacitado para saber instruí-lo de maneira segura o exercício; aprenda a sentir e a respeitar seus limites e, acima de tudo, aprenda a respirar. Se seu estúdio estiver com as aulas suspensas momentaneamente, envie o link da matéria e peça para o seu professor te ajudar durante as aulas online, monitorando a execução dos movimentos, ok?
Manuella Bortolo
Fisioterapeuta
CREFITO 36724- F
Instagram: @manuellabortolo
studio_equilibrio